02 fevereiro 2009

O SARNEY DE ROMA

Meu nome é uma homenagem ao meu pai que, por sua vez, teve seu nome em homenagem ao seu tio e este foi batizado em homenagem ao grande tribuno romano Marco Túlio Cícero, orador excepcional que viveu há dois mil anos.

Nestes tempos modernos, esta questão de nomes me veio à cabeça lendo nos jornais sobre a disputa pelo senado. Não o romano, mas o brasileiro, onde aparece novamente o nome do nosso acadêmico José Sarney.

Como Cícero, José Sarney é um tribuno e escritor, porém Sarney não estudou filosofia com os gregos, mas, como presidente, foi o fundador da Nova República e ocupa a cadeira de Tobias Barreto na Academia Brasileira de Letras. A Nova República, para quem não se lembra, foi “fundada” com o fim da ditadura militar e a subida ao poder de Tancredo Neves que, num suplício que aumentou o Ibope da televisão por mais de uma semana, morreu, deixando o vago o cargo para o seu vice, o grande tribuno, nosso caro Sarney. Quanto à Academia Brasileira de Letras, ela foi fundada por Machado de Assis para reunir os grandes escritores brasileiros, nos moldes da Academia Francesa. Deste modo reúne até hoje os grandes das letras de nosso país, como Marco Maciel, Ivo Pitanguy e até o darling Paulo Coelho.

Isto tudo me faz pensar. Será que daqui a dois mil anos, a humanidade terá crianças com o nome de Sarney em homenagem ao nosso imortal? Será que as Wikipédias do futuro se referirão ao meu velho xará como um Sarney da Antiguidade Clássica?

Fico pensando nestas coisas e que naqueles tempos antigos, também as disputas políticas eram acirradas, tanto que o meu xará, diferentemente do nosso querido José Sarney, foi degolado e teve as mãos e língua decepadas e expostas publicamente. Logo ele, que foi um Sarney de Roma.

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