08 junho 2009

AS IMPACIENTES GAIVOTAS

As gaivotas na beira aguardam impacientes. Em vez de buscar seus peixes em mergulhos acrobáticos, aguardam impacientes. Em vez de lutar por seu sustento, aqui aguardam gordas, com sua conversa desengonçada, seu nadar de pato e seu vôo suave.

Na Praia das Palmeiras, num domingo de sol, as gaivotas não vão em busca de seu sustento. Será que cristãs guardam o domingo?

Elas aguardam e gritam nas águas calmas da baía. Aguardam, que das mesas dos restaurantes, voem em sua direção deliciosos nacos de peixe ou camarão jogados pelos clientes. Como num churrasco, onde se joga os ossos para os cuscos, aqui as gaivotas se banqueteiam com os restos.

E roubam os nacos umas das outras. Mesmo havendo alimento suficiente para todas, perseguem-se mutuamente, como se a comida roubada fosse mais gostosa. Congressistas gaivotas.

E nas pedras, mais adiante, dezenas de outras tomam sol e devem, saciadas, assistir a ópera bufa que se passa na praia. E lá numa pedra, mais ou menos eqüidistante de mim, se destaca preto, em meio às outras silhuetas, um biguá, que talvez esteja a me olhar aqui a escrever.

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