02 junho 2009

A COPA DO MUNDO NÃO É NOSSA

A copa do mundo não é nossa. Florianópolis foi preterida para ser uma das sedes da Copa do Mundo. Se isto é bom ou é ruim, não sei. O que sei que esta desclassificação está produzindo muita discussão entre os envolvidos. Uns dizem que foram problemas técnicos. Outros dizem que foram políticos.

Se os problemas técnicos que impediram a vinda de algumas seleções para cá, podemos até deduzir o que houve. Dá para imaginar a delegação de algum país baseando-se num bom local, com estrutura condizente e tudo o mais, para hospedar os futebolistas. Digamos que este local fique no Santinho. A delegação vai para o treino. Sai do Santinho e se dirige para a Ressacada, estádio auxiliar à flamante Arena Florianópolis. Quanto tempo irá perder neste trajeto? Isto se nenhuma moto for abalroada durante o trajeto e trancar todo o trânsito ou na SC401 ou nas Rendeiras. E pior para outra delegação que treina no Cambirela e tem que enfrentar todos os dias os engarrafamentos em direção à Palhoça.

Isto sem falar dos turistas que irão acompanhar o evento. Serão centenas de milhares de turistas por toda a cidade. A população subirá repentinamente para 2 milhões de pessoas. Pior! Dois milhões de aparelhos digestivos depositando no ambiente florianopolitano o seu meio quilo diário de cocô. Será que até 2014, nossa cidade terá rede e estações de esgoto suficientes para processar mil toneladas por jornada?

Digamos que, não vindo seleções européias, cada novo habitante da cidade tenha por hábito tomar seu banhozinho diário. Serão uns 200 litros de água consumida por alma. Serão 400 milhões de litros de água potável por dia. Novamente pensamos que daqui até 2014 são cinco anos.

E a energia elétrica? Haverá suficiente? Bom, pelo menos Florianópolis já está integrada nos sistema nacional de energia. O que não estava até o ano passado.

Daí, digamos que o jogo seja às 20 horas. E o pessoal chegou na cidade por via aérea e precisa se deslocar à Arena antes do início da contenda. Terá que cruzar a ponte, digamos às 18:30 e depois ingressar no Estreito. Quem mora aqui sabe o que isto significa quando estamos com nosso meio milhãozinho de almas. E quem não mora talvez até consiga imaginar.

Será que em apenas cinco anos teremos condições de fazer o que não fizemos por décadas a fio?

E se os problemas de recusa de Floripa forem políticos? Bom, aí melhor nem falar. Nosso governador não tem força? Nossos senadores e deputados não apitam nada em Brasília? Ou será que eles ficam brigando entre si por problemas comezinhos em seus currais? Melhor nem falar, melhor nem falar.

Que fique a lição. O Brasil teve uma Copa em 1950. Agora estará sediando a segunda 64 anos após. Podemos lançar a campanha para trazermos alguns jogos em 2078. Talvez até lá tenhamos solucionado a infraestrutura urbana de nossa cidade. Talvez até lá a ilha já tenha virado um imenso sambaqui de caliça e excrementos.

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