30 dezembro 2009

DEUSES E DEUSES

Como tudo é cíclico na natureza... Os chineses sabem disto há mais de cinco mil anos. Basta ler o I-Ching. A ciência também sabe disto. Tudo no Universo é de natureza oscilatória. Tudo é cíclico.

Os pagãos tinham uma festa para o solstício de inverno – para eles no hemisfério norte, bem verdade – os pagãos adoravam fazer uma festa. Os cristãos, na sua ânsia de tomar o lugar do paganismo no coração das pessoas, em vez de combater a festa, incorporaram-na a seus ritos. E colocaram o nascimento do seu deus único no evento. Assim surge o natal como aniversário do deus Javé em carne.
Uma guerra santa intestina que começou em Roma e teve seus dias de glória na Santa Inquisição. Momento em que os cristãos se vingaram do Coliseu e outras atrocidades romanas.

Porém, como estas coisas de deuses, vão por caminhos diversos, o próprio paganismo, com seus deuses múltiplos, se imiscuiu na igreja católica mesmo. E surgiram santos, deuses menores, que passaram a ter seus próprios adoradores.

O natal hoje é uma festa completamente pagã. A mídia está recheada de imagens do deus Papai Noel. Um deus bonachão que ostenta as cores da coca cola. O espírito de natal, dizem. E este espírito não tem nada do deus menino ou coisa que o valha. É um deus velhinho. Um deus vovô. Assim a festa tomou uma conotação totalmente pagã. Papai Noel, árvore, guirlandas, presentes e na hora do menino deus nequinhas. No máximo o presépio, onde o deus menino aparecem o deus pai do menino, a deusa mãe do menino, o deus burro, a deusa vaca, os três deuses bacanas do oriente, havendo até entre eles um deus negro para não gerar bate-boca.

Parece que o ciclo deu uma volta e o paganismo venceu. O deus cruel, o deus da culpa, o pai do deus menino não está mais dominando a festa, que hoje tem como mestre de cerimônias o deus bonachão que até lembra um Baco desgastado pelas orgias. Tem até esta história do bom velhinho gostar de sentar as criancinhas no colo, mas aí já é outra história. O que vem ao caso aqui é que o poder está todo com o generoso deus Noel, distribuindo presentes e carnês em rigorosamente iguais proporções, movendo a roda da fortuna.

Já o deus do deserto grita do alto dos céus que ele é o deus único. Mas não é todo o mundo que acredita. E os outros deuses acham-no muito prepotente.

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