01 fevereiro 2010

CONSELHO AOS PAIS

Não vou dar conselho nenhum, pois conselho não se dá. Logo, quem continuar a ler está assumindo que pagará por este conselho e o preço, estipulado já de antemão, é um cafezinho. E este aconselhamento vai para todos os pais que têm filhos no ensino fundamental. Pais, ponham os seus filhos numa escola pública. Peguem o dinheiro das mensalidades e comprem um carro novo. Façam aquela viagem tão sonhada. Deixem seus filhos numa escola pública. Sem ar condicionado na sala de aula, sem laboratório, com meia dúzia de computadores para dois mil alunos. Façam isto e vão viajar. Reforme a casa ou dê uma entrada para a casa de praia com o dinheiro que era para pagar a educação do seus filhos. Escola privada? Não mesmo, colegião mesmo! Isto aí, meus pais. E não tenham vergonha de levar e buscar o petiz num BMW novo.

Mas atenção. No último ano, coloquem-no no cursinho. Um bom cursinho. Façma uma poupança durante todo o ensino médio para pagar um bom cursinho. Fundos DI ou ações. Quem sabe derivativos para os mais ousados.

Feito isto, preparem faixas comemorativas. Seus filhos, no vestibular, entrarão numa Federal. Entra pelas cotas, nem precisa de muito estresse. Não sejam idiotas, como eu, em se matar para pagar os melhores colégios. que tenham laboratórios, cadeiras inteiras nas salas de aula, computadores e quadros digitais, além do ar condicionado, é claro. Gastei o que não tinha para garantir a educação de ótimo nível para meus filhos. E agora, no vestibular, os 30% de cotas terminaram afastando-os da Universidade.

Então façam isto. Matricule seus filhos no ensino público. Como efeito secundário, ajude a superlotar as escolas estaduais e municipais, esvazie e quebre os colégios privados.

Não sei se esta política educacional é maquiavelicamente pensada, em nome de uma homogeinização do pensamento por parte do Estado. Mas também pode ser apenas uma atitude de um populismo ingênuo e inconseqüente. Não sei.
Quantos milhares de alunos, em cada cidade, o ensino privado drena da obrigação do Estado em dar educação? Será que a estrutura existente na rede pública de ensino tem condições de assumir toda a população em idade escolar? Será que tem carteiras suficientes? Salas de aula suficientes? Professores suficientes? Terá também condições de oferecer a multiplicidade educacional de todas as propostas pedagógicas disponíveis na sociedade? Ou será que vamos monopolizar a educação sob a égide do Estado? Isto seria uma boa proposta há cem anos atrás, na época do desmoronamento do império russo.

Então, pais, este é o conselho, aproveitem. Não gastem seu dinheiro na educação do seus filhos. Sejam mais inteligentes. E, quem sabe, um consórcio de uma moto para quando ele entrar na faculdade?

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