03 abril 2010

MARE AUSTRALIS

Três lobos marinhos nadam na direção do barco. O vento frio fustiga o convés enquanto ao fundo montanhas ostentam seus cumes esbranquiçados. O mar do canal está bastante calmo, restando ao barco um ondular leve, mal percebido. O céu se mantém com nuvens baixas, alternando uma chuva fina com aberturas que apenas clareiam a paisagem, resaltando o gelo azul dos glaciares. Mais lentos que os golfinhos, que conseguem seguir o barco, os lobos marinhos seguem seu caminho, talvez buscando uma refeição na colônia de pinguins que deixamos para trás, enquanto o Capitão Enrique Rauch comandava o Mare Australis com firmeza e serenidade por entre as ilhas. Tudo é surpreendente nestas paragens austrais.

Uma visão destas também deve ter impressionado os tripulantes de outro barco há muitos anos. Especialmente um jovem chamado Charles que partilhava as acomodações do pequeno buque inglês com o Capitão Robert. Este mapeava a região para o Almirantado Britânico, enquanto seu parceiro observava com paixão a Natureza que os cercava. Há 176 anos, FitzRoy nos deu um levantamento da Terra do Fogo que só foi superado pela moderna tecnologia, enquanto o naturalista Darwin começava a formular uma teoria que mudaria não apenas seus conceitos, mas toda a humanidade para sempre.

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